Por Zé dos Anjos.
A Maria Paradela era uma mulher de armas, à sua volta tudo bulia. Ao marido, pedreiro, mestre muito requisitado na arte de emparedar xisto, passaram-lhe pelas mãos as pedras com que se construíram muitas daquelas já velhinhas casas que hoje vemos lá na aldeia e noutras aldeias em redor.
Aqui viveu a Maria Paradela |
Mas se a hora de levantar era cedeira, também a do recolher tinha de o ser!
Armando, rapaz alto, porte atlético, um tanto desastrado (a generosidade-força em pessoa), era um dos filhos mais novos. Eram recordadas as vezes que o moço se zangava com os bois e de olhar fixo, penetrante, os agarrava pelos cornos, olhava-os fixamente, olhos nos olhos, testa contra testa e lhes berrava com voz grossa e firme, capaz de fazer tremer as pedras: Olhai que aqui quem manda sou eu, ouvistes?!
Estava uma noite o Armando na tasca da aldeia, chovia que Deus a dava, ansioso para ir para casa que a hora do recolher já lá ía e a mãe não tolerava atrasos, não seria até de estranhar se, de um momento para o outro, ela ali aparecesse à sua procura, e isso, diga-se, não convinha mesmo nada! Mas o raio da chuva não havia meio de parar e a ninguém apetecia sair com uma zurbada daquelas.
Vale de Juncal: Casa típica de xisto, em ruínas. |
Grande mulher!
Nota do autor:
Em homenagem à minha avó Maria Eugénia Alves (conhecida pela Maria Paradela) e ao meu tio Armando.
1 comentário:
bom dia queria pedir autorização para publicar este texto como tenho um blog sobre mesquinhata e sua região e como gostei deste texto. no qual lhe dou os parabens.
se por acaso a autorisação for negativa mande-me um email ze.ronda@hotmail.com que eu apago da minha pagina. obrigada
um abraço
zeronda
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