segunda-feira, 16 de maio de 2011

O ZÉ MOLAS

Por Zé dos Anjos.

 Há muito que não vemos o Zé Molas, mas lembramo-nos das tantas vezes que, pelo fim da tarde, de regresso a casa, bicicleta travões de alavanca pela mão, o encontrávamos cumprida já a 10ª ou 11.ª “estação” da sua vespertina via sacra “etílica”.  Até casa, onde chegaria lá para a hora da janta, decerto que completaria a penitência.

O jantar, dizia-nos, era, geralmente, uma malga de caldo arrefecido com meia caneca de tinto. A Ana, sua prestimosa esposa, via-se grega para aturar os descontroles e devaneios do Zé Molas, que resmungava por tudo e por nada e, não raras vezes, até lhe chamava todos aqueles nomes feios!!! Ou pela sua “incompetência” devido ao permanente efeito “anestésico” do álcool ou, mesmo, por natureza, era danado de ciumento da mulher! Resmungava que se fartava, porque via a dobrar ou porque nem conseguia abrir os olhos... sempre aquele pensamento fixo de que a mulher lhe era infiel. Raio de cisma!

Para ir para a cama, no exíguo quarto mesmo ao lado da cozinha, era o cabo dos trabalhos! Não, não era homem de muitas bebedeiras, pensamos bem que, havia alturas em que uma só dava para toda a semana, senão mesmo para o mês! Mas, isso sim, homem de convicções feitas cisma! Muitas vezes, a meio da noite, mandava a mulher acender a luz para se certificar que não havia mais ninguém lá do outro lado da cama!

Nesse dia lá conseguiu ir para a cama. Já a noite ia avançada, ressonava que até as vidraças tremiam, deitado para o lado, com os seus aproximados 150 kg sobre o braço esquerdo, quando uma apneia seguida de um ronco mais alto o fizeram acordar a estrebuchar. A sua mão direita encontra num braço.... e grita para a mulher:
  “ANA, ESTE BRAÇO É TEU?”!
Perante a negativa da mulher, que acordou assustada, berrou com voz roufenha - ou do sono ou da carraspana ainda em destilação – ao mesmo tempo que, na “luta”, tombava da cama para o chão:
 “Ah, seu filho da p*****, agora é que te apanhei, não me foges, tenho-te bem seguro” !
 “ANA - grita para a mulher -  acende-me a merda da luz, DEPRESSA, que tenho aqui o gajo, agora é que vou esganá-lo, desta vez não me  foge
A mulher assustada acende a luz e, no chão, lá anda o Zé Molas rebolando-se agarrado com toda a força o seu próprio braço esquerdo.... !

Nota do autor:  
Os factos e personagens deste texto são fictícias. Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais é mera coincidência.

6 comentários:

Anónimo disse...

Pois, então quando acordamos devemos acordar "todo"!

Anónimo disse...

Pois, então quando acordamos devemos acordar "todo"!

Sim, mas o braço do homem não acordou, "estava adormecido", estava deitado sobre ele e não o sentia?
Nunca lhe aconteceu ficar com uma mão adormecida?

Anónimo disse...

É verdade, é verdade.... Mas, olha lá, e se ele em vez do membro superior esquerdo tivesse agarrado o ....o .... o outro membro?!Ó Vida !!!

Anónimo disse...

Coitado!! mas esse não se adormece!!!

Anónimo disse...

Ás vezes até tem insónias!!!!

Anónimo disse...

O do "Zé Molas", não sei como se porta, mas esse deve ter boa mola!