Opinião
Zé dos Anjos, 2013/02/22.
Chegados ao terceiro ano de severa austeridade, tão severa quanto obstáculo ao crescimento, à produtividade, ao investimento e ao emprego, isto é, os factores necessários que, aliados a uma boa gestão da despesa, são indispensáveis para o equilíbrio, sustentabilidade e estabilidade futura das contas públicas, pressupostos que, seriam o objectivo e justificação da dureza daquelas medidas, importa agora, porque o tempo decorrido o impõe, avaliar até que ponto já são visíveis os frutos de tanto sacrifício. Todavia, contrariando a retórica com que se pretende sistematicamente (qual cassete de outros mestres) a "lavagem ao cérebro" aos mártires do reajustamento, a leitura dos indicadores económicos e financeiros do nosso país são cada vez mais desastrosos, preocupantes e contrários aos objectivos apregoados e em nome dos quais se condenaram tantos compatriotas inocentes à miséria.
Hoje interrogo-me quanto ao mal maior, se os factos geradores da doença ou se as terapias impostas. Conhecidos os males que motivaram tão difícil presente e começando a ser visível o efeito das terapias através do diagnostico traduzido do evoluir dos números que relatam as contas públicas nacionais, o próximo futuro será bem pior porque a doença se agravou em todos os factores de avaliação, dos efeitos de uma má dieta hoje temos uma septicemia em avançado estadio, e assim, dos sobreviventes da causa muitos não resistirão à cura que motivou tal evolução. Os sobreviventes ficarão com sequelas para várias gerações. Cuidado com os remédios ingeridos, quaisquer placebos teriam sido bem melhores do que muitos remédios que nos receitaram, pois se não curavam também não fariam mal.
Alguém dizia que a incompetência de cada um começa no limite das sua competências. Quando se dispõe de poder para além do que a sua competência comporta, quando alguém tem de aplicar medidas em áreas, especialidades ou dimensão que vão para além do que as próprias capacidades sustentam, é salutar sair fora, renunciar a tal responsabilidade. Quem assim não faz é duplamente responsável pelos seus actos, pela decisão e pelo efeito.
Vejamos então a evolução de alguns números nacionais:
(ii) A dívida publica já é superior a 200 mil milhões de euros (mais de 120% do PIB), só nos últimos 12 meses cresceu mais de 18 mil milhões de euros e continuará a crescer, a tabela seguinte dá-nos uma imagem da evolução crescente da mesma:
(iii) Orçamento do Estado 2012: O deficit do orçamento de estado para 2012, sabe-se já que, pesem as receitas extraordinárias, não ficará nos 4,5%, aproximar-se-á (ou ultrapassará) dos 5%. Diz-se também que, o Orçamento de Estado para 2013 não será exequível, porque, decorridos menos de 2 meses de execução, a derrapagem já é superior a 1.000 milhões de euros.
(iii) Orçamento do Estado 2012: O deficit do orçamento de estado para 2012, sabe-se já que, pesem as receitas extraordinárias, não ficará nos 4,5%, aproximar-se-á (ou ultrapassará) dos 5%. Diz-se também que, o Orçamento de Estado para 2013 não será exequível, porque, decorridos menos de 2 meses de execução, a derrapagem já é superior a 1.000 milhões de euros.
(iv)PIB: No ano de 2013, o PIB terá uma contracção pelo menos do dobro do que o OE previa.
Zé dos Anjos.
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